domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mulheres na organização? O rosa fortalece e aparece.


O Dia internacional das mulheres se aproxima. Que tal fazer algumas reflexões sobre o papel da classe feminina nas organizações?

Apesar de toda a evolução, há, ainda, um paradigma de que lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e que deve receber salário inferior, mesmo que na mesma função do homem.

O citado acima faz parte de um cenário real e pasmem: mundial. Cada cultura com as suas especificidades, mas em todas, a mesma visão. É surpreendente saber que esse ainda é um entendimento global. E não exclusivo dos latinos americanos, cujo fator cultural os classifica como “machistas”.

É facilmente percebível que o preconceito está presente nas mais diversas organizações, dos mais diferentes ramos de negócios e nos mais variados países. Logo, no Brasil não seria diferente.

Os gurus da administração recomendam a implementação de novas práticas de gerenciamento, valorizando o relacionamento interpessoal, o trabalho em equipe, a motivação e persuasão em vez de ordem e controle, a cooperação no lugar de competição exacerbada e a capacidade de realizar muitas atividades simultaneamente.

Nestas áreas elas se destacam, mas, mesmo assim, ainda não conseguiram ter reconhecidos seus valores e assegurados os direitos de igualdade. Muito pelo contrário, o fator gênero ainda é determinante nas avaliações de desempenho: as mulheres normalmente são prejudicadas.

Entre as muitas questões que buscam respostas sobre o desempenho ou avaliação do trabalho feminino, uma se destaca: por que as mulheres recebem salários menores que os dos homens? As tentativas de respostas são muitas. Nenhuma plausível.

Outro ponto para a reflexão, diz respeito à licença maternidade. Como forma de incentivar a igualdade, a legislação brasileira poderia ser revista já que aqui são determinados períodos específicos (e imutáveis) para homens e mulheres gozarem deste direito. Em alguns países europeus, o prazo também é estipulado, mas é facultado ao casal decidir quem vai permanecer com o bebê por um período maior.  Essa possibilidade permitiria, por exemplo, reduzir o preconceito de que as mulheres ficam um tempo maior fora das suas atividades devido à maternidade. É importante lembrar que algumas empresas, de forma implícita, claro, dão total prioridade à contratação de solteiras para não se submeterem aos efeitos desta licença.

Pesquisas comprovam que as mulheres, no tocante à atuação, ainda têm grande representatividade nas atividades de relacionamento e pouca representatividade nas atividades científicas e técnicas. Mostram também que as mulheres, estranhamente, estão em ocupações mais relacionadas à rotina e à monotonia e isso é indicado pelo fato de que elas são as maiores vítimas de LER/DORT. Além disso, cerca de 40% da força de trabalho feminina no Brasil ainda está no pólo menos qualificado e de menor renda.

Outro fator que ainda gera discriminação, e que envolve não só as mulheres, é a atenção e o cuidado dado pelos profissionais às suas famílias, pois as empresas gostariam de ter a atenção exclusiva. Os líderes precisam estar atentos para incentivarem o círculo virtuoso: a empresa dá condições ao trabalhador de dar atenção a sua família; essa família se sente privilegiada e motiva o trabalhador a se dedicar mais; se dedicando mais, há mais produtividade.

A notícia boa é que o rosa começa a se fortalecer e aparecer em vários setores. Na aviação, por exemplo, as mulheres atuavam exclusivamente como comissárias, onde o foco é o relacionamento. Agora elas já comandam as aeronaves e fazem um trabalho eminentemente técnico, ratificando que não se tratava, portanto, de nenhum fator ligado à capacidade intelectual.  O fato de elas atuarem em áreas não técnicas devia-se ao fato de que as opções disponibilizadas no mercado de trabalho para atividades técnicas eram restritas e reservadas prioritariamente aos homens.

Outra evidência de mudança do papel da mulher pode ser vista nas instituições de ensino superior já que o número de mulheres estudando é maior que o de homens.

A posse de diversas presidentas de nações de vários continentes pode representar mudanças significativas. No Brasil o destaque é a escolha da nova presidência da Petrobras. É a hora de, neste embalo, os gestores também gerarem mudanças.

É importante destacar que o intuito aqui não é incentivar uma guerra entre homens e mulheres. É incentivar a justiça. Nada mais do que isso.


(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de pessoas, Mestre em Administração, Especialista em Psicologia Organizacional, Pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em Vendas e palestrante. Contato: om@odilonmedeiros.com.br.


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