quinta-feira, 1 de maio de 2008

Pequenos Casos da Vida Empresarial: 001/2008

Tipo: Real
Elaborado Por: Mauro Cesar Leite de Oliveira
Data: 04/2008

Situação

Em 1990 eu era Supervisor de Engenharia Industrial de uma unidade de um grupo empresarial na área de eletro-eletrônica e mecânica de precisão. Dentro da equipe de Manutenção trabalhava o Marcos (nome fictício) que era Auxiliar de Mecânica e que sempre estava feliz e brincava com todo mundo. De repente, ele começou a deixar de brincar com as pessoas, não parecia estar feliz e quando perguntávamos qual era o problema ele dizia que não era nada. Passado 4 meses assim, no caminho de uma unidade para outra da empresa, ele virou-se para o amigo que o estava acompanhando, disse "tchau!" e se jogou na frente do caminhão que estava passando em alta velocidade.. .. certamente morreu.

Nesse mesmo período a empresa estava passando por uma mudança de Diretoria, onde o Diretor Presidente que assumiu não tinha o menor interesse em apoiar os funcionários... bem diferente do Diretor anterior que dava total atenção a todos.

Apuração

Depois eu e todas as pessoas mais chegadas ao Marcos tentamos apurar o que houve e soubemos que a esposa dele havia abandonado a casa, ele estava cuidando sozinho de 4 crianças e as mesmas estavam passando por dificuldades até para conseguir comer, pois a mãe é que detinha a maior renda da família e que mantinha os custos regulares da casa.... depois que ele morreu a mãe voltou para os filhos (não sei bem como isso ocorreu).

Reflexão

01) Se você fosse amigo de trabalho dele o que poderia ter feito para ajudá-lo?
02) Será que a mudança da Diretoria afetou esse caso? Como?
03) Quais ações as empresas podem fazer de forma preventiva para amenizar problemas como esse?

Comentários do Mauro

Demorei um bom tempo para absorver tudo que ocorreu e cheguei a conclusão que poderia ter dado mais apoio a ele e tentado saber em detalhes o que estava acontecendo. Para conseguir isso percebi que deveria me focar mais em aumentar a qualidade dos meus relacionamentos e tentar não me refrear quando ver um companheiro de trabalho passando por processos de depressão.

Acho que as empresas devem capacitar melhor as pessoas-chave a entenderem melhor o perfil das pessoas e de ter mais desembaraço nos relacionamentos interpessoais. As empresas, mesmo as pequenas, podem ter algumas ações de integração e de monitoramento, certamente vai depender do tipo de operação da empresa, condições e cultura.... Ter boas lideranças pesa muito nesses casos.

4 comentários:

Jefferson disse...

Pessoas que ocupam cargos de chefia devem se preocupar principalmente sobre o ambiente de trabalho que estão gerando aos seus colaboradores.
Pois ambientes hostis, geram stress e desmotivação, que dependendo do grau, pode causar problemas de saúde e depressão em algumas pessoas.
Este seu relato Mauro, demonstra a importância que todos os gestores devem ter para com seus colaboradores, não somente em relação a produtividade, mas em qualidade de vida e realização pessoal.

Abraços

Patricia Flôres disse...

Mauro,
Li e reli o seu case. O Marcos suicidou-se. Mas do que pode-se imaginar o número de suícidio é maior que de homicídio, ms isso não é divulgado. De qq forma, no case verídico que relatou não adianta culpar a empresa ou o gestor. A pessoa estava com problemas q estrapolam a esfera organizacinal. De qq modo, é óbvio que um olhar mais demorado do gestor ou de amigos do trabalho sobre o Marcos, PODERIA, evitar o que ocorreu. De qq forma, é preciso AGIR PREVIAMENTE, onde a empresa precisa desenvolver uma estrutra de RH e clima organizacional que propicie ao colaborador o acolhimento necessário para casos como este e milhares de outros que ocorrem.
Abraços
Patricia Flôres

Espaço Empresarial disse...

Jefferson e Patrícia

Também acho que podemos fazer a diferença nos momentos difíceis da vida das pessoas que trabalham a nossa volta realizando pequenos atos.

Também acredito que essas ações podem, e devem ser feitas por todos os colegas próximos, o chefia imediata e por instrumentos de operações das empresas... além dos aspectos legítimos de solidariedade entre as pessoas essas ações tem impactos muito maiores na formação da identidade da empresa.

Não tenho dúvidas de que agir de forma preventiva nesse caso vale a pena.

Abraço

Mauro

Sagar Prem disse...

Mauro,
Concordo com a Patricia quando ela diz que o problema estava além da esfera organizacional. Mesmo se for o caso de uma empresa com um clima ruim, uma ação extrema assim é sinal de que havia questões que a pessoa não conseguia lidar.
Um gestor consciente, um líder dos bons, realmente perceberia e tentaria fazer algo, mas isso não significa que teria evitado.
Um tipo de liderança assim, que consiga "tocar" algo tão complexo como relatou, e fazer a pessoa se sentir acolhida para se abrir, leva tempo para ser construído.